segunda-feira, 25 de junho de 2007

O MUNDO DE VALENTINA

Por Josafá de Jesus Moraes – Aparecida-SP

Eu fiquei curioso com a chamada do “Fantástico” sobre o Mundo de Valentina. Quem é Valentina? Que mundo é este? A chamada cumpriu sua função: me deixou curioso e me fez esperar o desvelamento do enigma.

Um casal jovem aguarda o nascimento da filha: Valentina. E a preocupação que toma conta do episódio é o cuidado com a natureza uma vez relacionado com o cuidado do mundo, que desde já é também de Valentina.

Após assistir o produto, elenco alguns pontos:

1- A preocupação com o equilíbrio do mundo não pode ser modismo hodierno, porque toda moda é fugaz e superficial, diferente de uma causa deste porte, que infere diretamente na garantia da própria vida;

2- Uma visão global de pertença ao mundo não pode limitar-se a uma preocupação de um pequeno e fechado núcleo. Não se resolve muita coisa olhando para o próprio umbigo, outrossim, apropriando-se da mentalidade de mundo como família. O micro deve acontecer numa visão macro;

3- Quantidades e porcentagens sem tempo suficiente para absorção e análise, só têm efeito para garantir a defesa de uma matéria bem elaborada;

4- Constatação não é uma linguagem direta de resolução num contingente despreparado para desbravar caminhos. É preciso apontar saídas, pelo menos a título de exemplo. O legado de Cabral é justamente a passividade da nação;

5- Ter um mundo melhor, mais consciente e garantido, não é uma questão de futuro, mas pertence ao tempo presente. O hoje só pode ser motivado ao investimento posterior desde que seus próprios dias revelem o prazer da escolha;

6- O nome “Valentina” remete a valente, decidida, possuidora de força. Tais atributos é o que falta para que a comunicação assuma a profecia de garantia da história.

No final da matéria fomos informados que Valentina nasceu. Bem-vinda ao mundo! Bem-vinda a este mundo! O Mundo de Valentina teve início, com certeza, sem o frescor dos ares dos primeiros tempos. Na verdade ninguém demarca em que tempo e conseqüentemente sob que condições quer nascer, a mecânica natural se impõe. Valentina terá muitos desafios “naturais” neste tempo pós-moderno e talvez e possa perguntar não à natureza porque nasceu a este tempo e sim a estes pós-modernos (como ela) o que fizeram da natureza a seu tempo.

sábado, 23 de junho de 2007

UMA PROVOCAÇÃO

Por Josafá de Jesus Moraes – Aparecida-SP

Ainda acredito que é necessário que tenhamos opinião sobre tudo que incide sobre nossa vida. Ter opinião é o mesmo que nos dar possibilidade de ser, de sentir, de saber, de querer e não querer. Aliás, eu tenho uma premissa que persiste: penso que todas as pessoas sempre têm algo a dizer sobre alguma coisa, se podem dizer aí é outra implicação, se diferem as opiniões a questão é de posicionamento diante de um dos lados.

Eu queria que este espaço instigasse você a pensar a sua relação com a televisão. Quanto por cento a televisão faz parte da sua vida; quanto por cento influenciou na sua formação; quanto por cento pesa na hora de você decidir projetos e relações. Algumas pessoas se relacionam quase que exclusivamente com a programação de uma televisão: vivem o que a televisão lhe permite viver.

A proposta de pensar nossa relação com a televisão serve de propedêutica frente ao advento do mundo digital. A televisão analógica já pode permitir uma visão “rarefeita” do que será a revolução digital, assim pensar agora nos fará mais fortes para o futuro.

Mas por que pensar? Mas porque saber? Mas porque ter opinião? Primeiro porque temos o direito do uso da razão, uma faculdade que nos permite construir a história com consciência. Segundo porque fomos criados para criar e não para sermos passivos diante do que se impõe – criado para criar com visão ampla e responsável. E terceiro porque queremos ser felizes e a felicidade é construída, projetada, buscada, vivida no percurso e no alcance da meta. Ninguém é feliz sem saber que é feliz, a consciência não é saudosismo é garantia.

Seu comentário, aqui no blog, formará um grande mosaico, nos permitindo aproximar de uma visão mais ampla, mas este resultado é segundo, porque o primeiro é pessoal e intransferível quando você elabora seu próprios conceitos.

A alteridade foi muito bem compreendida pelos gregos quando desenvolveram a embarcação e puderam ter contato com outras ilhas, com outros povos. A opinião isolada tornava a verdade grega frágil, sem contestação, sem outras explicações. O encontro e o confronto despertaram para verdade universal e assim eles entenderam a necessidade da consciência e da partilha. O caminho que fazemos aqui é o mesmo, a ferramenta é outra, correspondente ao tempo que se vive.

Conto com esta aposta:
pensar...pensar....encontrar....encontrar....pensar....TRANSFORMAR.

SER OPINIÃO

Por Josafá de Jesus Moraes - Aparecida-SP

Por conta da correria imposta pelo mundo moderno, por conta da fugacidade, por conta da fragilidade das relações, por conta da falta de tempo, mesmo que este seja sempre o mesmo ontem e hoje, por conta superficialidade de visão, por conta da diminuição de digestão da vida em sua construção histórica, se faz necessário criar espaços alternativos para deixar pairar no tempo o que constitui a vida de cada indivíduo.

O “ser” descoberto na antiguidade pelos gregos também hoje exige consciência, lucidez, des-velamento, para que seja garantida a autonomia e a dignidade humana. Opinião Televisiva é um espaço livre para pessoas que vêem televisão de forma crítica buscando descobrir os interesses subjacentes, os valores e os contra-valores. Partindo da premissa que a televisão tem poder preponderante na sociedade, formando opinião, conduzindo a história, é necessário que sejam abertos campos para discussão de conteúdo, de indução de comportamento e de ideologia, a fim de velar pelo equilíbrio do ser diante da autonomia de saber e de escolher.

Em televisão nada existe por acaso, tudo acontece por um interesse, assim, nosso blog tem uma perspectiva que foge do imediato televisivo e busca saber o almejado, o plano de alcance. Também se propõe a apresentar reflexões críticas sobre a TV brasileira, em seus canais abertos, além de permitir a postagem de opiniões daqueles que querem manifestar seu ponto de partida.

Televisão é entretenimento. Partindo dessa verdade, o telespectador procura uma programação que o mantenha atento diante da tela. Ele quer sentir emoções, sem pedir por elas. Ele quer se sentir informado, sem se sentir ignorante. Ele que aprender sem se sentir em uma escola.

A Televisão brasileira é uma excelente contadora de histórias. Tanto que faz sucesso mundial com as telenovelas. Ela não veio para substituir o rádio, cinema ou jornal, ela veio para ser um novo meio de comunicação que aprendeu com esses outros meios, já que seus profissionais, principalmente no início, vieram do rádio, jornal, teatro e cinema. E esse início é algo recente, pouco mais de 50 anos.

Na maioria dos lares brasileiros o televisor ganha destaque principal na sala das residências, algumas possuem até a sala da TV. Os sofás e poltronas ficam voltados para o aparelho. Fenômenos como Roque Santeiro, da Rede Globo, fazem o país parar diante da TV, ou olhos perplexos de todo o mundo ao ver, ao vivo, aviões chocando-se contra as torres do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.

A Televisão é formadora de opinião e de comportamento, aliando à velocidade da informação, o fascínio de suas imagens. O telespectador senta-se diante da tela da TV e acredita que o apresentador de um telejornal naquele momento está falando para ele. Nas palavras do jornalista Maurício Loureiro Gama, no início da TV: “No dia seguinte ao primeiro noticioso, Imagens do Dia, na Tupi de São Paulo, em 1950, fui abordado na rua Marconi por uma senhora que reclamou que ele havia sido arrogante, não falara 'com ela', que estava sentada diante da Televisão fazendo um crochezinho”. A partir daí, Loureiro Gama passou a escrever suas notícias como se fossem uma conversa com alguém, 'uma peça de teatro'. Assis Chateaubriand telefonou para cumprimentá-lo por ser o único que sabia falar na Televisão. Com a ajuda de uma telespectadora, Gama tinha descoberto a diferença entre as duas linguagens, a da tevê e a do rádio.

Com sua linguagem própria a televisão se adapta à sociedade ao mesmo tempo que também lhe transforma. A comunicação televisão e indivíduo, na modernidade, é mais real que a comunicação indivíduo – indivíduo. Assim o poder entregue à comunicação televisão é quase que soberano, absolutista, o que causa medo quando todo este aparato não favorece a maturidade do ser.

É muito interessante pesquisar a televisão: acompanhar um fato real, in locum, e a sua publicação na TV, perceber o foco, a verdade, o interesse, a versão. Este exercício serve também para outros gêneros, quer sejam gravados ou ao vivo, pois todos passam por uma edição, aliás, o equipamento de TV além da captação da imagem, o que de todo fundamental, o mais importante é a edição: o corte das cenas, as trilhas sonoras, a sucessão das imagens, a velocidade, as sonoras, os offs, etc. A edição afina o interesse da peça, conduz o efeito que o produto deve ter – descobrir este efeito é o que nos impele. A própria câmera filmadora já seleciona o que quer...e o telespectador só vê o que a televisão quer mostrar.


Opinião Televisiva desafia a conhecer um mundo que faz parte da vida diária das pessoas, mas que não é compreensível de maneira simples. Aqui surge uma analogia: a televisão é como um amigo que faz parte diária da vida do outro amigo, que fala, que emociona, mas que não se revela, que não entrega o jogo. Opinião Televisa: uma opinião simples que nos educa a criticar e ter consciência das interferências da construção histórica da vida.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O OCO

Por Josafá de Jesus Moraes - Aparecida-SP

É impressionante a quantidade de programas de televisão que nada apresentam ou acrescentam aos seus telespectadores. Assim, o resultado é vazio, oco, e por vezes geram espaços para até posicionamentos e ações ridículas, ferindo a dignidade humana.

Tem uma série de programas que erguem seu conteúdo sobre a desgraça alheia, expondo pessoas e situações. O que menos importa, neste caso, são os meios uma vez que o fim é o lucro, inter-relacionado com a garantia da equipe de execução do programa. Aliás, toco aqui em um assunto que merece outro capítulo: a instabilidade econômica chegou a tal ponto que a sustentação de um emprego não se relaciona mais à sustentação ética.

Ainda percebe-se que a relação econômica é usada e abusada, visto que estes produtos ridicularizam justamente as pessoas que compõem a massa sobrante, excluída, abandonada.

Os apresentadores destes programas se colocam como justiceiros, como defensores, como heróis. E as pessoas acreditam confiando numa solução, que neste caso não aparece e que não se resolve na super-exposição do caso. O super-apresentador é uma falácia, ele interessa-se na audiência do programa e não no aumento da qualidade das pessoas.

A traição é dupla: dos “personagens cenográficos” que são nitidamente usados e o do público de casa que é fiscado por um acontecimento sem sincromia, sem contexto, sem desfecho. O saldo é insoso, não contribui em nada, não responde às necessidades, não vislumbra saídas.

A televisão, enquanto veículo de comunicação por excelência, não pode se prestar a um serviço inútil, sem metas construtivas. O trabalho de um jornalista sempre foi respeitado pela crítica social, pela visão abrangente de mundo, pela coragem diante da verdade. Os jornalistas que produzem o vazio e abusam dos mais fracos deturpam a meta que sustentação do aparato da ciência da comunicação. É triste e vergonhoso. O jornalismo não pode se justapor à política do circo e pão: deixemos isso para a Roma antiga com seus césares.