sábado, 23 de junho de 2007

SER OPINIÃO

Por Josafá de Jesus Moraes - Aparecida-SP

Por conta da correria imposta pelo mundo moderno, por conta da fugacidade, por conta da fragilidade das relações, por conta da falta de tempo, mesmo que este seja sempre o mesmo ontem e hoje, por conta superficialidade de visão, por conta da diminuição de digestão da vida em sua construção histórica, se faz necessário criar espaços alternativos para deixar pairar no tempo o que constitui a vida de cada indivíduo.

O “ser” descoberto na antiguidade pelos gregos também hoje exige consciência, lucidez, des-velamento, para que seja garantida a autonomia e a dignidade humana. Opinião Televisiva é um espaço livre para pessoas que vêem televisão de forma crítica buscando descobrir os interesses subjacentes, os valores e os contra-valores. Partindo da premissa que a televisão tem poder preponderante na sociedade, formando opinião, conduzindo a história, é necessário que sejam abertos campos para discussão de conteúdo, de indução de comportamento e de ideologia, a fim de velar pelo equilíbrio do ser diante da autonomia de saber e de escolher.

Em televisão nada existe por acaso, tudo acontece por um interesse, assim, nosso blog tem uma perspectiva que foge do imediato televisivo e busca saber o almejado, o plano de alcance. Também se propõe a apresentar reflexões críticas sobre a TV brasileira, em seus canais abertos, além de permitir a postagem de opiniões daqueles que querem manifestar seu ponto de partida.

Televisão é entretenimento. Partindo dessa verdade, o telespectador procura uma programação que o mantenha atento diante da tela. Ele quer sentir emoções, sem pedir por elas. Ele quer se sentir informado, sem se sentir ignorante. Ele que aprender sem se sentir em uma escola.

A Televisão brasileira é uma excelente contadora de histórias. Tanto que faz sucesso mundial com as telenovelas. Ela não veio para substituir o rádio, cinema ou jornal, ela veio para ser um novo meio de comunicação que aprendeu com esses outros meios, já que seus profissionais, principalmente no início, vieram do rádio, jornal, teatro e cinema. E esse início é algo recente, pouco mais de 50 anos.

Na maioria dos lares brasileiros o televisor ganha destaque principal na sala das residências, algumas possuem até a sala da TV. Os sofás e poltronas ficam voltados para o aparelho. Fenômenos como Roque Santeiro, da Rede Globo, fazem o país parar diante da TV, ou olhos perplexos de todo o mundo ao ver, ao vivo, aviões chocando-se contra as torres do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.

A Televisão é formadora de opinião e de comportamento, aliando à velocidade da informação, o fascínio de suas imagens. O telespectador senta-se diante da tela da TV e acredita que o apresentador de um telejornal naquele momento está falando para ele. Nas palavras do jornalista Maurício Loureiro Gama, no início da TV: “No dia seguinte ao primeiro noticioso, Imagens do Dia, na Tupi de São Paulo, em 1950, fui abordado na rua Marconi por uma senhora que reclamou que ele havia sido arrogante, não falara 'com ela', que estava sentada diante da Televisão fazendo um crochezinho”. A partir daí, Loureiro Gama passou a escrever suas notícias como se fossem uma conversa com alguém, 'uma peça de teatro'. Assis Chateaubriand telefonou para cumprimentá-lo por ser o único que sabia falar na Televisão. Com a ajuda de uma telespectadora, Gama tinha descoberto a diferença entre as duas linguagens, a da tevê e a do rádio.

Com sua linguagem própria a televisão se adapta à sociedade ao mesmo tempo que também lhe transforma. A comunicação televisão e indivíduo, na modernidade, é mais real que a comunicação indivíduo – indivíduo. Assim o poder entregue à comunicação televisão é quase que soberano, absolutista, o que causa medo quando todo este aparato não favorece a maturidade do ser.

É muito interessante pesquisar a televisão: acompanhar um fato real, in locum, e a sua publicação na TV, perceber o foco, a verdade, o interesse, a versão. Este exercício serve também para outros gêneros, quer sejam gravados ou ao vivo, pois todos passam por uma edição, aliás, o equipamento de TV além da captação da imagem, o que de todo fundamental, o mais importante é a edição: o corte das cenas, as trilhas sonoras, a sucessão das imagens, a velocidade, as sonoras, os offs, etc. A edição afina o interesse da peça, conduz o efeito que o produto deve ter – descobrir este efeito é o que nos impele. A própria câmera filmadora já seleciona o que quer...e o telespectador só vê o que a televisão quer mostrar.


Opinião Televisiva desafia a conhecer um mundo que faz parte da vida diária das pessoas, mas que não é compreensível de maneira simples. Aqui surge uma analogia: a televisão é como um amigo que faz parte diária da vida do outro amigo, que fala, que emociona, mas que não se revela, que não entrega o jogo. Opinião Televisa: uma opinião simples que nos educa a criticar e ter consciência das interferências da construção histórica da vida.

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