sexta-feira, 22 de junho de 2007

O OCO

Por Josafá de Jesus Moraes - Aparecida-SP

É impressionante a quantidade de programas de televisão que nada apresentam ou acrescentam aos seus telespectadores. Assim, o resultado é vazio, oco, e por vezes geram espaços para até posicionamentos e ações ridículas, ferindo a dignidade humana.

Tem uma série de programas que erguem seu conteúdo sobre a desgraça alheia, expondo pessoas e situações. O que menos importa, neste caso, são os meios uma vez que o fim é o lucro, inter-relacionado com a garantia da equipe de execução do programa. Aliás, toco aqui em um assunto que merece outro capítulo: a instabilidade econômica chegou a tal ponto que a sustentação de um emprego não se relaciona mais à sustentação ética.

Ainda percebe-se que a relação econômica é usada e abusada, visto que estes produtos ridicularizam justamente as pessoas que compõem a massa sobrante, excluída, abandonada.

Os apresentadores destes programas se colocam como justiceiros, como defensores, como heróis. E as pessoas acreditam confiando numa solução, que neste caso não aparece e que não se resolve na super-exposição do caso. O super-apresentador é uma falácia, ele interessa-se na audiência do programa e não no aumento da qualidade das pessoas.

A traição é dupla: dos “personagens cenográficos” que são nitidamente usados e o do público de casa que é fiscado por um acontecimento sem sincromia, sem contexto, sem desfecho. O saldo é insoso, não contribui em nada, não responde às necessidades, não vislumbra saídas.

A televisão, enquanto veículo de comunicação por excelência, não pode se prestar a um serviço inútil, sem metas construtivas. O trabalho de um jornalista sempre foi respeitado pela crítica social, pela visão abrangente de mundo, pela coragem diante da verdade. Os jornalistas que produzem o vazio e abusam dos mais fracos deturpam a meta que sustentação do aparato da ciência da comunicação. É triste e vergonhoso. O jornalismo não pode se justapor à política do circo e pão: deixemos isso para a Roma antiga com seus césares.

Um comentário:

Unknown disse...

Prezado Josafa,

Temos que colocar em XEQUE a visão capitalista dos empresários da comunicação, ou seja, se a "baixaria" da audiência é nela que vamos investir. Culpados??? Ah, culpados são as duas partes o veículo que expoe pessoas ao ridículo para oferecer uma atração diferente a seus telespectadores e os próprios telespectadores que dão margens de audiência para esses programa no qual do nome aos BOIS, "ENCONTRO MARCADO", "MARCIA GOLDSCHMIDT", "CASOS DE FAMILIA" entre tantos outros que não passam absolutamente nada de educativo e instrutivo aos que os assistem.
O que mais me deixa triste é que muito anunciantes apostam nessa destruição de valores, de familia e de respeito ao ser humano. Realmente o televisão braisleiro vive um ser "OCO".

Att.
Douglas Camargo
Jornalista